Amor de Pai

Na maternidade, o sujeito esperava todo ansioso para ver seu filho.
— E então, doutor? Será que eu já posso vê-lo?
O médico responde, com ar preocupado:
— Olha, as notícias não são muito boas...
Já imaginando que alguma coisa tinha acontecido, o pai não se abalou e disse, com coragem:
— Pode falar, doutor.
— Bem, o seu filho nasceu sem os braços.
— Tudo bem, eu entendo — respondeu o pai, conformado.

— Mas não é só isso — continuou o médico.
— O que mais, doutor? Pode falar, pode falar!
— É que... Seu filho nasceu sem as pernas.
O homem sentiu o duro golpe, mas tentou permanecer firme.
— Não importa, não importa. Ele ainda é o meu filho!
Mas antes que o pai pedisse para vê-lo, o médico disse:
— Tem mais uma coisa.
— O que mais, doutor? O que mais pode ser?

— O cérebro. Seu filho não tem o cérebro.
Aquilo era demais! Mas, no fim das contas, ainda era seu sangue, era uma parte dele.
— Não me diga mais nada, doutor! Eu não me importo. Meu filho vai ser amado pelo que ele é! Por favor, me deixe vê-lo!
O médico concordou e pediu que a enfermeira trouxesse a criança.
Emocionado e orgulhoso de sua pequena obra, o pai acalentou em seus braços aquele ser indefeso, que nada mais era do que uma orelha. Apenas uma orelha!
— Está tudo bem — disse o pai, afetuoso. — Você vai pra casa e nós vamos cuidar de você com todo amor...
Mas o médico interrompeu:
— Fala mais alto que ele é surdo!

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